Observatório das Metrópoles Divulga Boletim sobre sindemia de crises nacionais

Fonte: Site do Observatório das Metrópoles

Na 720ª edição de seu boletim semanal, a publicação do dia 10/02 reflete sobre as forças sociais que disputam o futuro da metrópole brasileira no contexto da crise urbana instaurada pela pandemia do coronavírus. O boletim se ampara em um artigo disponibilizado no site do Projeto Saúde Amanhã da Fiocruz, e trata do conceito de sindemia para discutir sobre os sinais de uma crise urbana, a fim de construir um elo entre os campos científico da saúde e dos estudos urbanos.

Tal análise sobre a crise urbana parte do pressuposto de que o conflito entre a “cidade para o capital versus a cidade para o bem estar” se acentuou a partir da pandemia, prosseguindo um processo anteriormente vigente de ascensão de forças políticas conservadoras-ultraliberais no país. O texto destaca que tal coalizão vem promovendo o desmantelamento dos marcos aprovados pela Constituinte de 1988, inferindo em uma crise urbana mais grave “na medida em que as metrópoles deixam de suprir as necessidades coletivas de reprodução social, uma porta aberta para novas crises sanitárias se tornarem sindêmicas”. 

Para os autores, essa crise é evidente e se faz no sentido do colapso da função das metrópoles em assegurar a reprodução da vivacidade, tendo em vista o encadeamento entre apagão da mobilidade, acentuação do desemprego e assombrosa perda de renda de trabalho, resultando em um desenfreado ciclo de empobrecimento e miséria urbana. Posto esse cenário, é onde criam-se oportunidades para que “fundos financeiros globais incorporem os serviços coletivos aos seus ativos, abrindo as portas para a clara financeirização das cidades em detrimento da oferta dos serviços orientados pelo bem-estar”.  Nesse âmbito, o texto discute hipóteses sobre os possíveis impactos da instalação dessa ordem urbana a partir de um viés rentista.

Por fim, discute-se estratégias de enfrentamento para esse conjunto de crises por meio do resgate de ideais reformistas da ordem urbana frente a essa onda ultraliberal,  processo que foi nomeado de New Deal Urbano, compreendido como um novo ciclo de investimentos nas metrópoles, perpassando pelos setores de transporte, saneamento e habitação, em que, diante da pandemia da Covid-19, se faz ainda mais urgente uma articulação entre os campos da saúde pública e do planejamento urbano.

Para uma leitura mais detalhada, confira a publicação no site do Observatório das Metrópoles.